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Às ruas, cidadãos!

Renato Steckert de Oliveira

Sociólogo, professor aposentado da UFRGS, foi secretário de Estado de Ciência e Tecnologia do RS e secretário de Estado Adjunto do Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia do RS.

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É imperativo refletir sobre o que aconteceu, mas é imperativo sobretudo impedir que continue acontecendo.

Com a bancada que garantiu para o próximo Congresso, se Bolsonaro for reeleito poderá fazer o que quiser, e o que ele quer fazer todos sabem. Com maioria no Senado poderá, por exemplo, intervir no STF e liberar o delírio armamentista, transformando cada cidadão num justiceiro em potencial, cada rua numa quadra miliciana, cada grupo de vizinhança numa quadrilha organizada em nome da autodefesa.

O bolsonarismo é a configuração de uma direita que enfeixou num mesmo arco ideológico todas as formas de antissociabilidade, desde as paranoias religiosas até as milícias que já controlam grande parte das periferias urbanas, passando pela banda podre do agronegócio e pelo garimpo selvagem, todos unidos em torno do mesmo deus: o dinheiro fácil nas mãos de poucos. Não podemos nos iludir com o que está por vir. Não podemos confiar no deus brasileiro que no final das contas ajeitará as coisas, protegendo-nos da nossa própria imprevidência. A hora é de agir.

No primeiro turno Bolsonaro foi além da votação do quinto paranóico da nossa sociedade, angariando votos na surdina, à força de milicianos. Agora, cada eleito bolsonarista vai fuçar cada canto desse país em busca de votos. Apoiados por seus cabos eleitorais, pelas promessas regadas a orçamento secreto, e, quando necessário, pela intimidação praticada por subalternos dispostos a sujar as mãos, invadirão as redes sociais, a intimidade dos brasileiros, se plantarão na casa do vizinho, buscarão a consciência de cada cidadão e cada cidadã pregando abertamente a paranoia ultradireitista.

Com seu sucesso no primeiro turno, Bolsonaro multiplicou sua estrutura de campanha. Não podemos confiar na espontaneidade da razão para nos livrar do mal, pois a razão já mostrou que está encolhida. Os tempos se anunciam como de irracionalidade absoluta! Não confiemos na pobreza da nossa imaginação, na nossa falta de referências e de memória histórica sobre o mal absoluto, neste país em que a ilusão da paz e harmonia entre ricos e pobres, entre brancos e pretos, já foi tão sedutora que iludiu até os desiludidos. Contra o mal, é preciso a nossa ação!

Querem nos roubar o Estado brasileiro e transformá-lo em nosso inimigo! Esse Estado que já esteve ao nosso alcance, que, após o fim da ditadura militar, tentamos reconstruir como um Estado fundado no poder do povo e para o povo. Um Estado finalmente nosso, mas que nos vem sendo pouco a pouco roubado. O bolsonarismo o vem transformando e quer finalmente convertê-lo em nosso inimigo!

Há muito em jogo neste segundo turno: nossas vidas e nosso futuro! Os 1,6% de votos que nos faltaram para derrotar Bolsonaro no primeiro turno podem se multiplicar, se não agirmos! Se não sairmos para a rua para lembrarmos a todos que a responsabilidade é de todos! É a nossa vez de usarmos a palavra, de reconstruir as nossas relações de cidadania depois desse vendaval de insanidades que tomou conta das nossas vidas, de falar a cada um e a cada uma que temos direito a uma Nação, a um futuro, à justiça e à paz!

Se perdermos esta ocasião, talvez seja a última em muitos anos. Não nos iludamos!
Às ruas, cidadãos!

 

Crédito foto: Pixabay.com

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