Democracia, equidade e autoritarismo. Três palavras que dizem tudo, dependendo de quem as pronuncia. E nada dizem, se desconectadas da palavra “crise”, se estivermos falando sobre república e democracia. Numa síntese arriscada pode ser dito que a democracia vivida no Estado Liberal Democrático está cansada de si mesma e que a república não conta com instituições amigáveis para, a curto prazo, recuperá-la.
O primeiro problema é que o “curto prazo” da vida comum abreviou os ciclos históricos; o segundo é que a esfera pública se viu invadida por novos meios de controle das mentes e informações manipuladas que tornaram hegemônica a razão instrumental – não o “agir comunicativo” visando fins comuns – como forma de enlace entre pessoas e grupos comunitários; e o terceiro problema é que a opinião que se forma nas redes não se forma mais para a deliberação, mas para a guerra.
“Krisis, na sua acepção filosófica originária, significa “juízo”, como decisão final, sobre um processo que supõe a quebra de um estado anterior, que não mais faz jus às suas formas adquiridas na História. A crise, na modernidade madura instável, dilapida todo o sentido comunitário que permitia negociações racionais na sociedade de classe, que foram substituídas pela guerra entre os bandos das comunidades fechados
Quando se fala em democracia “em crise” entendo, portanto, que o dito revela o seguinte: as formas que a democracia liberal adquiriu não mais sustentam o seu conteúdo originário, ou indicam que este conteúdo não pode mais ser revelado, porque foi vencido pela materialidade de um mundo que já lhe reproduz como impotência.
Falar em “equidade” e “autoritarismo”, portanto, de forma conjugada com a questão democrática, é fazer uma aposta na dignidade da resiliência, já que a situação do jogo democrático moderno mostra que a vertente da “equidade”, na democracia, está em eliminação cada vez mais agressiva, em função das guerras controladas pelos ricos do Planeta, por fora ou por dentro dos regimes liberais democráticos em crise.
Nos países mais fortes, em termos militares e econômicos, reside o autoritarismo como substitutivo imediato das liberdades políticas, pois, no imaginário popular das suas populações o que pontifica é a ansiedade determinada pela negação, nos regimes liberais democráticos, das políticas destinadas a darem efetividade aos direitos fundamentais, inscritos nas promessas do iluminismo democrático.
Contribuir para reverter esta situação de impotência da democracia e da política democrática é o objetivo central deste trabalho que o INP tem orgulho de participar. E o faz com toda a sua fé na capacidade dos humanos vencerem as trevas medievais que o fascismo quer impor, neste começo de Século, cujo destino está em dura disputa em todos os quadrantes do Planeta.